Wednesday, June 20, 2007

Das Trevas à Luz

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Ano 476 dC, tomada de Roma pelos povos bárbaros. Início da Idade Média. Com o Cristianismo, a arte volta-se para a valorização do espírito, A Igreja possui poderes ilimitados e os seus valores vão impregnar toda a vida medieval. Deste modo, por imposição dos dogmas e moral da Igreja, o Cristianismo transformou a produção artística.
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Os motivos eram de natureza religiosa, tendo por características a deformação e o colorido. A deformação traduz-se numa figura de Cristo, por exemplo, sempre maior do que as restantes figuras que o cercam, mostra da Sua importância e dos sentimentos religiosos e interpretação mística que os artistas faziam da realidade.
Embora nos refiramos a este período como Idade das Trevas, e os ambientes fossem, de facto, pouco luminosos (as cabanas eram iluminadas pelo fogo da lareira, os castelos por tochas, os monges trabalhavam à luz da vela e os caminhos escuros) este período foi de grande colorido. As pinturas caracterizavam-se pelo uso de cores primárias, ausentes de meios tons ou jogos de luz e sombra, pois não havia a menor intenção de imitar a natureza. Cores que se caracterizavam por grande luminosidade dada a convivência das cores puras.
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Dado que poucas pessoas sabiam ler, a Igreja recorria à pintura e à escultura, através das quais narrava histórias bíblicas e comunicava valores religiosos. Neste período, não se podem dissociar estas manifestações de arte da arquitectura, pois foi nas grandes decorações murais, através da técnica do fresco, que a pintura românica se desenvolveu.
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Não é ao acaso que ao período que vai da queda de Roma, séc. V, ao início do séc.XI se chama Idade das Trevas. O desaparecimento de Roma deixa a Europa vazia e os tempos seguintes foram de rivalidade e lutas de poder. Óbvio que o marasmo não foi total, que a criatividade se fez sentir, a primeira universidade europeia fundou-se em 1088, em Bolonha, os mosteiros eram centro de aprendizagem e abrigo das artes, mas a era foi de instabilidade e só com o equilíbrio retomado e as novas nações emergentes (Portugal, Espanha, França, Itália, Inglaterra, Alemanha e Países Baixos) surge o reflorescimento económico e cultural.
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Maias, Mural a fresco em Bonampak
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Num período em que a Europa se quedava adormecida, entretanto, do outro lado do mundo, existia uma importante civilização Maia, muito sabedora no que toca à pintura, escultura e outras artes. Os Maias surgiram por volta de 1500 aC, atingindo o apogeu entre 300 e 900 dC, ocorrendo um seu renascimento cerca de 1250 dC. A decifração da escrita maia permitiu descobrir que essa civilização fora das poucas a assinar os seus trabalhos.
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Frescos Românicos de São Vicente de Tahull. Barcelona, séc. XII
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O período Românico (800-1000 dC) pretendeu reconstituir o esplendor da Roma antiga, embora com influências cristãs e islâmicas. Ao estilo de Carlos Magno, patrono das artes e letras. Construiram-se algumas das mais belas catedrais e mosteiros medievais .
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Catedral de Pisa
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As igrejas românicas chamam a atenção pelo seu tamanho. Grandes e sólidas, fortalezas de Deus, a arte não enquanto resultado do refinado gosto, mas extensão do serviço divino.
Datam deste período as Catedrais de Santiago de Compostela e de Pisa, sendo a conhecida Torre de Pisa, o campanário, o edifício que mais se destaca desse conjunto.
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Letra capitular de iluminura românica
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Os monges copistas dos séculos X e XI transcreveram milhares de páginas, exímios na arte da caligrafia. A arte era sumptuosa.
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Catedral de Chartres
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A transição para o período seguinte, o Gótico, foi lenta, e bem mais demorada na pintura que na arquitectura, que continua fantástica (as Catedrais de Notre Dame, Chartres e Colónia são exemplo, e nelas se encontram os melhores trabalhos de vitral). A Igreja impunha-se, mantendo o povo num estado de subjugação.
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Gótico. Retábulo de Sigena, de Jaume Serra
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A prática das pinturas murais românicas desaparece, pois a estrutura dos templos góticos, que rasgava as paredes de pedra com janelas decoradas de vitrais coloridos, não fornecia características para pintura mural. É nos vitrais e nos códices que esta se desenvolve. Será uma posterior pintura sobre tábua, o retábulo, que trará os melhores exemplares.
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Retablo de Sixena. Obra atribuída a Pere Serra. Catalunha
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Um retábulo compõe-se de uma tábua central, onde aparece o santo a quem se dedica a obra. As tábuas laterais contam os episódios mais marcantes da sua vida, distribuídos em compartimentos, na parte inferior a “predela”. Muitas vezes, também se encontram representados aqueles que à encomenda procederam e emblemas heráldicos.
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Letra capitular de iluminura gótica
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Este novo estilo veio com o apogeu económico. A sociedade civil estruturava-se em confrarias, a nobreza e a corte tornavam-se clientes das artes.
O resultado final dos primeiros trabalhos góticos não é muito diferente dos românicos, nota-se apenas uma maior leveza ou mobilidade e algumas emoções nos rostos das personagens, ainda longe do desenho e perspectiva renascentistas. As iluminuras mantêm a vivacidade cromática, abundante emprego do ouro e decoração historiada de letras capitulares.
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Iluminura gótica. Detalhe.
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O Renascimento virá despertar a Europa de um demorado adormecimento. Reinos de Deus e do Diabo, o Renascimento assiste ao júbilo do Homem, respeito pela dignidade humana. Disseminação de novas ideias, para o que contribui a invenção da Imprensa. Os livros e as ideias abandonam as cortes e o clero, e circulam numa promoção e elogio do saber.
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4 comments:

Frioleiras said...

Passa pelo meu blogue...........
Deixei-te,

algo ,

para ti......

Bj

F.

eu said...

Parabéns para ti.


D. Galinha

Bandida said...

o elogio do saber.

o teu.


beijo T.


B.
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Anonymous said...

QUERIDA
obrigada por nos deixar compartilhar de tanta cultura!
saudades ELISABETE CUNHA