Saturday, October 27, 2007

Olhares Impudicos

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A moça mostrava a coxa,
a moça mostrava a nádega,
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só não mostrava aquilo-
concha, berilo, esmeralda
que se entreabre, quatrifólio,
e encerra o gozo mais lauto,
aquela zona hiperbórea,
misto de mel e de asfalto,
(...)
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Drummond de Andrade, in O Amor Natural
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Picasso, Les Demoiselles d'Avignon
Manet, Olympia
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12 comments:

náufrago do tempo e lugar said...

Oh, comme sont très belles les demoiselles!

Generosamente impulsiva, a doce impudícícia de Drummond de Andrade. :))


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sexus, nexus, plexus


há uma geometria
rigorosa
um ritual de amor
uma rima
uma prosa
uma harmonia
na natureza majestosa…

e há um delta
um botão de rosa
esculpido
entreaberto
uma aura voluptuosa
uma flor mística
algumas pétalas…


e tudo faz nexo
porque tudo
se encaixa e alinha:
o côncavo no convexo
o androceu no gineceu
os corpos em plexos
e amplexos
a terra com o céu
o sexo masculino
com o feminil sexo
o pássaro com o ninho…

porque tudo é tão incomplexo
dogmático e tão elementar
como é axiomático
que todos os rios vão ter ao mar.


peregrino

Boa-noite.

Luís Galego said...

a junção de 3 génios, só podia resultar neste belo post...

Anonymous said...

Sempre me agradando!!

:)

PostScriptum said...

"O amor natural" quase impúdico de D.A., a pintura de um reconhecido génio e a tua escolha soberba a marcarem pontos neste espaço de harmonia.
Beijos, T

velha gaiteira said...

Como é que tem tempo para tantos e tão bons blogs?

Vim aqui parar através de outros blogs e foi bom encontrá-la !

Pasmo com a cultura dos outros. Reformei-me recentemente e reparo agora de como a falta de tempo de então, me afastou de tudo o que é bom!

Um beijo amigo

Lauro António said...

Voltei, depois de um tempo fora, e com que deparo? Uma esmeralda? Minha Nossa! O Drummond é magnífico, o Picasso, pois, que dizer?, e tu muito saborosa companhia. Daqui um beijo.

velha gaiteira said...

regressei ao seu Chopin Teresamar!

Muito obrigada pelo prazer que me dá com estes instantes tão profundos!

Abraço amigo

spring said...

olá teresamaremar!
regressados de férias estamos a pôr a leitura em dia e deparamos com este belo post, onde de imediato destacamos o quadro de Manet, (a cinéfilia) e de imediato nos recordamos desse belo filme de Eric Rohmer "L'Amour L'après-midi" onde esse mesmo quadro renascia cheio de vida pela mão do cineasta.
beijinhos e uma boa semana
PS-adoramos este piano:)
paula e rui lima

Bandida said...

sempre magnífica a palavra. sempre o tom do mel.

há vida por entre a folhagem. e tu.


beijo meu, teresamar.

B.

Bandida said...

sempre magnífica a palavra. sempre o tom do mel.

há vida por entre a folhagem. e tu.


beijo meu, teresamar.

B.

Anonymous said...

Sempre perfeita!

beijos e paz!
apareça!

bettips said...

Escolhi aqui mas li o resto. Escolho aqui por causa dos cheiros. Dos saquinhos de cheiro de Viena. Do que as mulheres se lembram para o (im)pudor de serem elas mesmas! Os mil odores da natureza, as cores de terra, o segredo que Picasso, Manet e Drummond "tentaram" captar. Ah...mas as mulheres são imensas e diferentes em cada curva e som...por isso tão retratadas! Bjinhos