Saturday, November 17, 2007

Todas as Alices

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Hábeis mãos ou
ágil pensamento,
quaisquer elas,
sonham.
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Alice é uma personagem-telescópio.
Um telescópio, para existir, precisa de uma paisagem; a função do telescópio é unir-se à paisagem e tirar dela toda a paisaginidade para cada uma das cartilagens de que ele, telescópio, é feito.
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Um telescópio sente.
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Sente toda a paisagem a avançar-lhe por dentro, entrar-lhe nas entranhas e provocar tempestades ilimitadas quentes em que tudo se transforma.
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Com um telescópio pensa-se em ti e aprendemos a regular as medidas de entrar no conhecimento da tua paisagem longinquamente fundida numa distância onde doeu tanto para chegarmos.
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Quando estivermos exactos no amor, quem saberá onde começa a paisagem e onde acaba o telescópio em que o tu-paisagem se vem pôr a amar?
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Texto, Aventuras de Alice no País das Maravilhas, Lewis Carroll
-introdução ou átrio-
Ed. Afrodite, Porto, 1976
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João Concha
Imagens (1, 4 a 8)
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Desenhos e Colagens, a tinta da china. Sem título.
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in
http://alicessemtitulo.blogspot.com/
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13 comments:

hora tardia said...

a inveja...(boa) de não saber eu fazer assim....ke raiva....


(sabes que brinco)


Teresa está MAGNIFICO....


tu "bordas" a língua de uma plasticidade que dá um verdadeiro prazer ler/ver/ouvir....re.ler...



beijos.


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teresamaremar said...

:) Alices...

entre amplitudes térmicas e crises sazonais, termómetros delas mesmas.

Somos, não é?!


beijo de bom domingo.

vieira calado said...

O surrealismo, acima de tudo!

náufrago do tempo e lugar said...

Na visão telescópica do tempo e da distância, somos todos Alices-crianças viajando numa caravana de sonhos até ao limite onde a memória alcança.

Belos o tema, os textos, desenhos e colagens, bem como os respectivos enquadramentos.

Abraço.

Saramar said...

As imagens estão lindas.
O texto é de uma criatividade maravilhosa, que nos abre a imaginação imediatamente.

beijos, boa semana para você.

bettips said...

...espero que o meu comentário tenha sido lido por ti, nas "demoiselles". "Alice", na sua candura aparente, é mais um saquinho de segredos... Bj

teresamaremar said...

Obrigada pelos vossos comentários
:)

Vieira Calado, benvindo :)

Peregrino, grata sempre :)

Saramar, que saudades... bom rever-te :)

sim, Bettips :) li-te... beijo

Luís Galego said...

até eu me senti Alice, suportado pela belissima música...

PostScriptum said...

Alice é um arquétipo de todos nós, que vagueamos em busca de sonhos e fábulas. A vida não é uma aventura do domínio do fabulástico ondem todas as Alices se encaixam?
Excelente, excelente, como sempre.
Beijo

Bandida said...

estas alices intrusas são fatásticas. espero que alguém se lembre de se maravilhar com elas e que não façam como é habitual neste país, ou só compram porque o artista está na moda. ou só compram pq alguém importante comprou. ou só compram depois do artista desaparecer. este nosso João Concha é um daqueles de quem se espera o sonho embrulhado em artes mágicas.

e é magnífico.

beijo meu, teresamar.

B.

João Concha said...

"alice" somos todos nós, cada um de nós...
recusando, sonhando, inventando o mundo; mundos possíveis.


obrigado...


beijo

Anonymous said...

Minha querida

Impactante!!!

Bela semana!!

PostScriptum said...

Cumprimentando na ausência de algo novo. Ainda assim sentindo-me Alice não sei se no país das maravilhas.
Um beijo